A iniciativa da UEAP e do RURAP utiliza biodigestores para converter caroços de açaí e outros resíduos orgânicos em biogás e biofertilizante. O projeto promove uma gestão sustentável desses resíduos, impulsionando a economia circular e beneficiando comunidades do Amapá.
A busca por soluções sustentáveis para a gestão de resíduos orgânicos e a transição energética tem ganhado força em todo o Brasil.
Um exemplo inovador é o projeto Biogás de Açaí, desenvolvido pela Universidade Estadual do Amapá (UEAP) em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Rural do Amapá (RURAP) e apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Amapá (FAPEAP).
O projeto utiliza caroços de açaí como matéria-prima para gerar biogás e biofertilizante, promovendo uma gestão eficiente de resíduos orgânicos e impulsionando a economia circular no estado.
O funcionamento do biodigestor
No coração do projeto está o biodigestor, um equipamento que atua como uma mini usina de transformação de resíduos orgânicos. Ele processa não apenas os caroços de açaí, mas também restos de alimentos e esterco animal ou humano, convertendo-os em biogás e biofertilizante.
Esse sistema inovador funciona a partir da ação de micro-organismos anaeróbicos, que decompõem os resíduos orgânicos em um ambiente sem oxigênio.
O biogás gerado é purificado com carvão ativado feito, enquanto o biofertilizante líquido é acumulado em uma câmara separada.
Benefícios para comunidades e meio ambiente
O projeto Biogás de Açaí traz uma série de benefícios que impactam positivamente comunidades de baixa renda e regiões remotas, promovendo avanços significativos em sustentabilidade e qualidade de vida. Um dos principais destaques é a geração de energia renovável e acessível.
Com um biodigestor de apenas 1 metro cúbico, é possível substituir o consumo de um botijão de gás por mês, garantindo energia suficiente para cozinhar por 2 a 3 horas diárias.
Essa solução é especialmente valiosa para comunidades onde o acesso a combustíveis tradicionais é limitado ou financeiramente inviável.
Além disso, o projeto contribui significativamente para a redução de resíduos, ao reaproveitar caroços de açaí e outros materiais orgânicos que, de outra forma, seriam descartados de maneira inadequada no meio ambiente.
Nesse sentido, essa abordagem não apenas minimiza o impacto ambiental, mas também dá um novo propósito a subprodutos agrícolas e urbanos, promovendo uma gestão mais eficiente dos resíduos orgânicos.
Outro benefício é o aumento da produtividade agrícola por meio do biofertilizante gerado pelo sistema.
Esse fertilizante é rico em nutrientes essenciais, como nitrogênio, fósforo e potássio (NPK), além de micronutrientes que são fundamentais para o crescimento saudável das plantas.
Ele também contém uma diversidade de micro-organismos benéficos, que enriquecem o solo, aumentam sua fertilidade e fortalecem a resistência das plantas a pragas e doenças.
Como resultado, o uso do biofertilizante contribui para colheitas mais abundantes e de maior qualidade, beneficiando agricultores locais e a economia regional.
Por fim, o biogás produzido pelo projeto vai além do uso doméstico, tendo potencial para geração de energia em larga escala.
Ele pode ser utilizado para alimentar sistemas elétricos, abastecer hospitais e até impulsionar veículos movidos a biometano.
Assim, essa versatilidade posiciona o biogás como uma solução estratégica para atender às necessidades energéticas de diversas áreas, incluindo setores essenciais como saúde e transporte.
Com essa ampla gama de aplicações, o projeto Biogás de Açaí demonstra como a inovação e a sustentabilidade podem caminhar juntas para transformar vidas e criar um futuro mais equilibrado e inclusivo.
Economia circular e transição energética
O Biogás de Açaí é um exemplo concreto de economia circular, ao transformar resíduos orgânicos que seriam descartados em produtos de alto valor agregado.
Além disso, a iniciativa contribui para a transição energética, promovendo fontes renováveis e reduzindo a dependência de combustíveis fósseis.
Com um custo inicial que varia entre R$ 16 mil e R$ 20 mil, o biodigestor se mostra uma solução acessível e de longo prazo para famílias e comunidades.
Dessa forma, sua implementação no Parque de Exposições da Fazendinha, durante a Feira Agropecuária deste ano, foi um marco importante para ampliar o acesso a essa tecnologia no estado do Amapá.
Um futuro sustentável para o Amapá
O projeto Biogás de Açaí reforça o compromisso com a sustentabilidade e o desenvolvimento regional, mostrando que é possível aliar tecnologia, ciência e consciência ambiental para gerar impactos positivos.
A expectativa é expandir o uso dos biodigestores para comunidades de baixa renda, promovendo inclusão social, geração de renda e preservação ambiental.
Enfim, essa iniciativa é mais um passo em direção a um futuro sustentável, onde resíduos orgânicos se tornam recursos e energia renovável.